quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

degradação.

Passo a passo, observo minha contente degradação.

Em tempos em que todos estão perdidos
E sozinhos
É fácil ir substituindo uma droga pela outra.
Ontem foi você, hoje é cocaína.
E eu tinha tantos planos
Sozinha
Tantos sonhos
Impossíveis
Só por que eram fáceis demais para serem cogitados
Por pessoas pequenas
Menores do que os sonhos
Façamos um brinde
A falsidade com que nos cumprimentamos e vivemos
Sejamos ingenuamente felizes
Ignorantes de tudo
Vamos ficar saudáveis
Para morrer com status
Vamos ser hipócritas e ao menos fingir
Que temos alguma dignidade
Continuemos nos matando
E sorrindo nossa inveja
Sorrindo nossas dores
Sozinhos.
Sei que escrevo coisas iguais
A dor é igual
Os instintos são iguais em todos
Por isso todos não passamos de animais
Como poderíamos realizar sonhos?
Animais.
E eu não queria te ver nunca mais... Acredite...todo o amargor, nunca passa de carinho

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eros e Psique

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada
Ele tinha que,ter tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
-Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E ainda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

domingo, 18 de outubro de 2009

Fim





As vezes acho que só não digo adeus porque
não saberia viver sem ter do que reclamar
simplesmente seguir em frente...
não poder mais pensar no seu nome,
quando chego em casa com a falsa alegria de quem
aprontou, mas no fundo, não queria ter aprontado.
Me olho no espelho, vejo as marcas que tenho deixado
sinto uma satisfação sádica
em ver que me puni pelo pecado errado.
Me violento. a cada dia estou mais perto de matar por fora
o que queria matar por dentro.
Não me entrego à alegria porque não saberia viver nela.
seria sufocante.
não seria alegria.
Gosto de pensar no você que eu extraí
do pouco que você me mostrou
Gosto da paixão reprimida
que se destila com o tempo
como não gostaria?
se me apaixono por tudo que é veneno...
Sinto uma brisa fresca de vida nova no ar...
quem sabe...reencarnar, nascer, crescer, aprender
e novamente destilar...
não um veneno, talvez uma bebida doce e saudável.
Mas todo veneno utilizado correctamente, tem seus dois lados
quem sabe aprender a manipular o veneno da vida
e matar com ele tudo que não presta e limpar o espírito
e remediar todas as dores
Talvez eu diga finalmente, Adeus
não sou tão grande para dizer obrigada
Mas novamente percebo que diante do tamanho do desconhecido
tudo é nada.

sábado, 17 de outubro de 2009

saudades

Tudo seco
tudo direto
e uma crueldade que fui ganhando no olhar com o tempo
crueldade que só pode ser percebida
por quem sabia quem eu era antes da maçã
Uma doçura que não volta mais
uma entrega que não é mais possivel...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Seres humanos

Dizem que somos á imagem e semelhança de Deus.
Os únicos seres na face da terra, agraciados com esta dádiva.
Paremos então para pensar nas características dos seres humanos:
Geralmente tentando obter alguma vantagem sobre qualquer coisa.
Pensando sempre o pior de nossos iguais.
Sentindo inveja, dos que se saíram melhor, e profundo prazer na desgraça alheia.
Sim, temos que confessar: Qual de nós nunca se deparou com a curiosidade mórbida, que nos é peculiar?
Qual de nós nunca quis saber mais sobre uma fofoca, uma noticia de assassinato,um acidente?
Qual de nós, soube de alguma tragédia, sem querer saber os detalhes?
Sabe aquele avião que caiu, e que sempre aparece novamente, quando encontram uma brecha para mostra-lo?
Sim, todos nós sabemos, e a cada vez que nos é mostrado, paramos para olhar atentamente e tentamos nos lembrar das vitimas ou do numero do voo.
Sabe por que, todos foram ao funeral da menina que foi morta um tempo atras , pelo ex namorado?
Não, não foi para prestar homenagem nenhuma.
Foi pra ver o corpo.Ver a tragédia de perto.
Tanto é verdade, que as pessoas ainda tiravam fotos, como se aquilo fosse um acontecimento explendido.
Nós gostamos disso. está em nosso sangue.Gostamos de ver este circo de horrores, pegar fogo.Todos nós.
Somos todos fúteis, falsos, sádicos, cínicos e gostamos disto.
Gostamos tanto, que somos hipócritas e fingimos repudiar toda a maldade. e ainda sim, nós a fabricamos. Sem nenhum pudor.
Gostamos de nos sentir penalizados, tristes, flagelados.
Gostamos de ter do que reclamar. Gostamos de ser vítimas e perguntar a Deus, que fizemos de tão mal.
E continuamos nos perguntando, como se a solução para cada problema fosse uma coisa divina,inalcansável para aqueles que não se chamam Jesus Cristo.
Sem falar na culpa. Nossa preciosa culpa. se não nos sentíssemos mais culpados, que seria de nós?
Temos que ter algo com o que possamos nos mortificar, e deixar apodrecer para talvez virar uma justificativa para todo nosso descaso,conformismo e principalmente para todo o veneno que precisamos destilar.
Que seria de nós sem a tragédia? Sem motivos para toda a maldade, que gostamos de fazer?
Sem a tragédia ,então, seríamos simplesmente demonios, o que seria extremamente sem graça.
Seres humanos: seres que escravizam e matam , das mais variadas formas, a própria espécie.Como se já não bastasse aniquilar todas as outras.
Nos matamos de fome, de humilhação, de tristeza, de inércia.
Nos traímos e abandonamos e achamos bem feito e contamos como vitórias, cada um que fomos capazes de pisar, tirar de nosso caminho,caminho que no fim, não leva a lugar nenhum.
Não passamos de palhaços,aqueles mesmos que divertiam os Césares,nas arenas de Roma.
Somos à imagem e Semelhança de Deus.Pode apostar.
Somos os melhores,os inigualáveis. podemos raciocinar.
Somos seres humanos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Solidão humana

As pessoas, são por natureza, solitárias.
Ao contrário do que se pensa, o ser humano vive sim, completamente sozinho.
Tão sozinho que se compadece da solidão dos outros.
Tão sozinho que tenta, sempre e em vão,estender a mão
para quem não está mais triste do que ele mesmo.
A tristeza e a solidão, são as razões mais comuns para a união de seres humanos.
Já os seres humanos que se unem unicamente por amor, são condenados
ao verdadeiro inferno: A saudade. A frustração. O arrependimento.
Ah o arrependimento. O sentimento preferido de todos os seres humanos.
Por que com o arrependimento, vem a culpa.
Somos todos doentes por natureza.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Soneto da separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Moraes)
'decidi colocar este poema,
que para mim sempre significou muito
pela sua capacidade de refletir o mais
profundo sentimento.
Espero que gostem e sejam bem vindos."

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

SONETO DA FIDELIDADE

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.